Sua face estava composta, seus olhos graves. Sua boca estava levemente cerrada, o que eu
pensava ser preocupação. Mas preocupação com o quê? Sua própria segurança? Ou minha
angústia? Eu continuei a olhar para ela, tentando traduzir sua expressão ambígua em fato
concreto.
Ela olhou de volta. Seus olhos ficaram maiores por um instante e suas pupilas se dilataram,
embora a luz não tivesse mudado.
Minha respiração acelerou e, de repente, o silêncio no carro parecia zunir, como na escura
sala de biologia naquela tarde. A pulsação corrente passou entre nós novamente, e meu
desejo de tocá-la era, brevemente, mais forte que a demanda da minha sede.A pulsante eletricidade me fez sentir como se eu tivesse pulsação de novo. Meu corpo
cantou com isso. Eu me senti quase… humano. Mais que qualquer coisa no mundo, eu
queria sentir os lábios dela contra os meus.Por um segundo, eu lutei desesperadamente
para encontrar a força, o controle, para poder colocar minha boca tão perto de sua pele.
Ela sugou uma quantidade enorme de ar e só então eu percebi que quando minha respiração
acelerou, ela parou de respirar no mesmo momento.
Eu fechei meus olhos, tentando quebrar a conexão entre nós.
Sem mais erros.

0 comentários:

Postar um comentário

Acompanhe!

Yasmin Braz

Yasmin Braz
[...]Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredon lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito. A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa. Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando por aí? [...] '

Marcadores

Followers

Arquivo

Parceiros